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O que são os pequenos reatores de energia nuclear?

A ideia é promissora, mas com grandes desafios. Se tudo der certo, os SMRs podem ganhar relevância nas próximas décadas

SMRs; uma alternativa à construção de usinas gigantescas

SMRs; uma alternativa à construção de usinas gigantescas

Publicado em 13 de junho de 2025 às 14h22.

Última atualização em 13 de junho de 2025 às 14h33.

Os Small Modular Reactors, ou simplesmente SMRs, são pequenos reatores modulares de energia nuclear. Sua potência vai de 10 a 300 megawatts (MW). Eles foram pensados para funcionar de forma mais simples, segura e flexível do que os reatores tradicionais.

Na prática, em vez de se construir usinas gigantescas, os SMRs seriam instalados em partes, conforme a demanda cresça, reduzindo riscos e facilitando o financiamento. Eles ocupam menos espaço e usam menos combustível, o que ajuda a tornar os projetos mais seguros para as pessoas e para o meio ambiente.

Além disso, muitos SMRs são desenhados com sistemas de segurança “ivos”, que funcionam sem precisar de ação humana ou energia externa, utilizando a própria física do sistema (como a ação da gravidade) para evitar acidentes.

Para que servem?

Os SMRs poderiam produzir energia 24 horas por dia, atendendo diversos tipos de carga e apoiando redes elétricas com muita energia solar e eólica.

Quais tecnologias existem?

A maioria dos projetos usa tecnologias similares às dos grandes reatores atuais, mas há modelos que usam sódio líquido, gás hélio ou sais fundidos. Eles prometem ser mais eficientes, operar por mais tempo e gerar menos resíduos.

Em que pé estamos?

Hoje, apenas três SMRs operam no mundo: dois na Rússia e um na China. Outros países, como Argentina, Canadá e Estados Unidos, têm projetos em andamento. Mas nenhum deles está pronto para produção em escala.

No papel, os SMRs seriam produzidos em série, o que reduziria os custos. Para que isso funcione, algumas estimativas indicam que seria necessário produzir centenas ou até milhares de unidades, para então observar os ganhos de escala.

Mas, e os custos?

Os custos ainda são altos. As estimativas iniciais mais otimistas eram de custos na ordem de US$ 65 a US$ 85 por MWh, o que já era menos competitivo que outras fontes. Nos últimos anos, porém, o panorama piorou, com atrasos e estouros de orçamento. Estima-se que o custo por megawatt instalado pode ar os US$ 15 milhões, ou mesmo US$ 20 milhões.

Os SMRs da China ficaram três vezes mais caros do que o planejado, os da Rússia, quatro vezes, e na Argentina, até agora, sete vezes. O prazo também frustrou: em vez de três a quatro anos, todos levaram de 12 a 13 anos para ficar prontos.

Mesmo assim, tem gente apostando

Empresas como Microsoft, Amazon e Google estão testando parcerias com desenvolvedores de SMRs, buscando energia limpa e contínua para seus data centers. Mas quase tudo ainda está no papel.

Quais são os desafios?

Os SMRs enfrentam também obstáculos regulatórios. As regras para aprovar um reator são complexas e diferem entre países, um desafio para a produção em escala. A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, na sigla em inglês) está tentando ajudar a padronizar essas normas.

Outros desafios incluem a aceitação pública, os riscos de proliferação nuclear e a gestão dos resíduos radioativos.

Vale a pena?

A ideia dos SMRs é promissora, porém, os custos continuam elevados, as regras para aprovação são complexas e a aceitação pública é um obstáculo. Mesmo com avanços importantes em segurança, não há viabilidade econômica no curto prazo.

Se a tecnologia amadurecer como se espera, os SMRs poderão ocupar um espaço relevante na matriz energética, porém, somente nas próximas décadas.

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