Protesto no Iêmen contra ataques de Israel ao Irã, nesta sexta-feira, 13, em Sana (Mohammed Huwais/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 13 de junho de 2025 às 12h33.
Na madrugada desta sexta-feira, 13, caças da Força Aérea de Israel invadiram o Irã e atacaram alvos em várias cidades, incluindo a capital, Teerã. Só este fato, de aviões estrangeiros entrarem no Irã com pouca resistência da defesa iraniana, mostra a fragilidade atual dos militares do país.
A avaliação é de Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da ESPM. Para ele, a situação militar atual do Irã dificulta uma reação forte do país, assim como o surgimento de uma guerra mais ampla na região.
"Israel conseguiu eliminar toda a cúpula militar iraniana. Isso tem um custo para o processo de tomada de decisão. Os novos militares não vão conseguir tão rapidamente substituir os que morreram", aponta.
Para ele, o uso de drones contra Israel em vez de mísseis, na primeira reação do Irã após o ataque, indica que parte desses armamentos pesados podem ter sido destruídos pelo ataque israelense.
Outro sinal claro do poder de Israel, e das vulnerabilidades do Irã, é que os pilotos israelenses tinham informações precisas dos locais a serem atacados, e conseguiram matar comandantes militares iranianos, incluindo Mohammad Bagheri, chefe do Estado Maior do Exército, além de cientistas nucleares
Ao mesmo tempo, nos últimos anos, Israel destruiu muito da força de ataque do Hamas e do Hezbollah, grupos aliados ao Irã que lutam contra Israel.
No ano ado, em uma ação cinematográfica, Israel infiltrou pagers com explosivos entre líderes do Hezbollah e os detonou à distância, em um ataque severo à cúpula do grupo libanês.
Em 2024, outro parceiro iraniano, o governo de Bashar al-Assad na Síria, também foi derrubado por uma revolução.
Fumaça em local atacado em Teerã, na madrugada de 13 de junho (Sepah News/AFP)
Israel considera o Irã um inimigo e disse que o ataque de sexta foi preventivo, para impedir que o rival consiga construir uma bomba nuclear. O Irã diz que pesquisa energia nuclear para fins pacíficos.
O Irã ou a combater Israel depois da Revolução Islâmica, em 1979. Teerã fornece, há décadas, armas e dinheiro para diversos grupos que lutam contra Israel, como Hamas e Hezbollah.
Rudzit pondera que os danos reais sofridos pelas instalações nucleares do Irã ainda precisam ser avaliados. "Há instalações nucleares do Irã dentro de montanhas. Até onde se sabe publicamente, o governo americano não deu as bombas [capazes de destruir montanhas] para Israel. Então, há dúvidas sobre a capacidade de Israel de atingir essas instalações", diz o professor.
Enquanto o Irã busca se reorganizar, Israel tem um sistema de defesa eficiente, o Domo de Ferro, que abate mísseis rivais no ar. Além disso, o país tem apoio dos EUA e de outros países europeus, que ajudaram a abater mísseis do Irã nos ataques contra Israel feitos no ano ado.
Rudzit avalia que a chance de outros países se aliarem ao Irã na luta contra Israel é pequena. Analistas avaliam que Israel possui armas nucleares, embora o país nunca tenha itido isso publicamente.
Além disso, atacar Israel significa também comprar briga com os Estados Unidos. Assim, a Rússia, que tem parcerias com o Irã, dificilmente tomaria parte em um ataque contra Israel.
O governo de Donald Trump, que prometeu acabar com as guerras no mundo, também não tem interesse em uma guerra mais ampla, avalia Rudzit, por seus possíveis efeitos na economia. "O maior medo dele é o petróleo subir e aí o eleitor americano se voltar contra ele, porque o que importa para o eleitor americano é o bolso", diz o professor.