Economia

Apresentado por CONTABILIZEI

Nova tributação ameaça competitividade de techs e influenciadores

Setores não são contemplados com alíquota reduzida e podem ter perda de competitividade; especialista recomenda revisão de contratos e planejamento tributário para evitar prejuízos

Influenciadores digitais: semelhante aos profissionais de tecnologia, a reforma tributária deve impactar os influenciadores com a necessidade de escolher o regime que melhor representará a economia de imposto, e pelo novo comportamento das empresas nas contratações.  (athima tongloom/Getty Images)

Influenciadores digitais: semelhante aos profissionais de tecnologia, a reforma tributária deve impactar os influenciadores com a necessidade de escolher o regime que melhor representará a economia de imposto, e pelo novo comportamento das empresas nas contratações. (athima tongloom/Getty Images)

EXAME Solutions
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Publicado em 11 de junho de 2025 às 10h25.

Última atualização em 11 de junho de 2025 às 10h27.

Aprovada pelo Congresso Nacional e com previsão de implementação gradual a partir de 2026, até 2033, a reforma tributária representa uma das maiores mudanças no sistema fiscal do Brasil. A transição busca simplificar o sistema tributário brasileiro, tornando-o mais eficiente, além de estimular o crescimento econômico do país.

Por outro lado, por ser um projeto de caráter tão abrangente, a reforma traz impactos distintos para diversos setores. No caso dos profissionais de tecnologia e influenciadores digitais, a reestruturação poderá onerar esses trabalhadores, sobretudo os que atuam como pessoas jurídicas.

Neste cenário, especialistas alertam para a necessidade de atenção imediata a contratos e regimes fiscais, especialmente para evitar prejuízos financeiros ou a perda de competitividade a longo prazo. Isso porque, sem incentivos fiscais próprios e sem saber o regime tributário no qual melhor se enquadra, esses profissionais podem se tornar mais caros para os contratantes.

“Estamos em um período de implementação das mudanças. Portanto, esse é o momento ideal para entender os impactos da reforma tributária para cada negócio. É importante estudar sobre o assunto e começar a fazer as adaptações necessárias ao longo dos próximos 12 meses de testes. Entender, por exemplo, sobre as regras de crédito tributário é um ponto fundamental nesse processo”, explica Charles Gularte, vice-presidente executivo de serviços aos clientes da Contabilizei.

Prestadores de serviços em TI

Em entrevista à EXAME, Gularte explica que, no setor de tecnologia, os mais impactados devem ser os profissionais que atuam como micro, pequenas e médias empresas. É o caso de programadores, desenvolvedores, consultores e especialistas que prestam serviços para grandes companhias do Brasil ou do exterior – em geral, com contratos PJ (pessoa jurídica).

“A reforma trará benefícios para profissionais liberais de setores como saúde e educação, inclusive com redução de alíquota. No entanto, profissionais do setor de tecnologia não foram contemplados porque a atividade não é considerada uma profissão regulamentada. Por isso, esse público poderá ter um aumento real na carga tributária, especialmente quando os contratantes forem grandes empresas”, afirma o especialista. O percentual total da alíquota estimada para profissionais de tecnologia com a reforma tributária é de 28%* (a mesma alíquota-padrão vale para todas as profissões não regulamentadas).

“Grandes empresas vão analisar com mais intensidade os custos da contratação de serviços, especialmente o crédito tributário da operação, que é quanto de imposto é possível deduzir dentro desse custo total. Uma vez que esses profissionais prestam essencialmente serviços para grandes empresas, a tributação na qual eles se encaixam fará muita diferença para o negócio”, diz Gularte.

Charles Gularte, CSO da contabilizei. (Contabilizei/Divulgação)

Influenciadores também serão afetados

No caso dos influenciadores digitais, a situação também é complexa. Embora existam projetos tramitando para regulamentar a profissão, nenhum acordo foi aprovado até agora. Com isso, os criadores de conteúdo também são considerados profissionais de uma categoria não regulamentada – e seguem fora da lista de atividades que receberão incentivos.

Semelhante aos profissionais de tecnologia, os influenciadores serão impactados tanto pela necessidade de escolher o regime que melhor representará a economia de imposto para eles quanto pelo novo comportamento das empresas no momento das contratações – especialmente para aqueles que fecham contratos para campanhas e publicidades.

“Há uma distinção importante entre influenciadores que trabalham diretamente com marcas e aqueles que produzem conteúdo para venda direta ao consumidor. No primeiro caso, as empresas contratantes analisarão o custo total do serviço, incluindo possíveis créditos tributários. Isso pode afetar a competitividade do influenciador caso ele não adeque seus preços e regime tributário”, explica Gularte.

Para os profissionais que não lidam com contratos com empresas, fazendo diretamente a venda de cursos, produtos e serviços para os seus seguidores (pessoas físicas), o impacto tende a ser menor, uma vez que o crédito não é aplicável.

Entenda mais sobre crédito tributário na reforma tributária

Muitos desses criadores de conteúdo trabalham com diferentes modelos de negócios ao mesmo tempo. Portanto, é essencial que cada profissional entenda quem é o seu público final, e quais são as características de cada contrato para, então, definir a melhor forma de tributar sua receita e manter a competitividade.

Gularte destaca que, embora possa parecer ruim, na verdade, um dos pilares da reforma tributária é aumentar a equidade entre os negócios. Ou seja, permitir que todas as empresas partam de uma mesma base para competir no mercado.

Preparação para o novo cenário

Para os profissionais de tecnologia e os influenciadores digitais, o executivo da Contabilizei reforça a importância de preparar-se desde já para os impactos da reforma tributária.

“Revisar os contratos atuais é crucial para entender como essas mudanças afetarão seus acordos e seus ganhos. Minha sugestão para esses profissionais é estudar internamente o impacto que essa mudança de alíquotas vai gerar no negócio, entender se precisará negociar os contratos já existentes e decidir em qual regime vai se encaixar”, diz Gularte.

Para essa análise, a ajuda de profissionais como contadores é bastante válida.

“Em um o a o simples para esses prestadores de serviço, a primeira coisa é fazer um planejamento de futuro para entender as possibilidades do negócio e com quais clientes e público-alvo. O segundo o é buscar um profissional de contabilidade para ajudar a fazer essa análise sobre os efeitos do impacto da reforma tributária no seu modelo de negócio atual. O contador avaliará as melhores opções para cada um. Por fim, é hora olhar os contratos que já estão firmados e negociá-los a fim de evitar prejuízos”, reforça o especialista.

Como escolher uma contabilidade para apoiar a transição?

Charles Gularte ainda comenta sobre como escolher uma contabilidade parceira para apoiar a sua empresa, seja na transição da reforma tributária, seja nos demais desafios do empreendedor.

“Na hora de escolher uma contabilidade, é fundamental considerar alguns atributos que fazem toda a diferença na experiência do seu negócio, como a disponibilidade de um time de contadores para atendimento ágil em diversos canais”, recomenda Charles Gularte.

Segundo as recomendações de Gularte, para escolher uma contabilidade, considere:

  • Atendimento ágil;
  • Time com contadores certificados;
  • Contadores com especialidade em diversas áreas;
  • Avaliação positiva em plataformas como o Google;
  • Processo de abertura de CNPJ facilitado e rápido;
  • Ferramentas integradas à contabilidade, como emissor de nota fiscal e conta bancária pessoa jurídica.

* Com a reformulação do sistema tributário, os cinco principais tributos sobre consumo (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) serão substituídos por dois novos tributos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). As alíquotas serão somadas e unificadas no Imposto sobre Valor Agregado (IVA), em um modelo de tributação que é adotado em diversos países. O percentual da alíquota geral estimado é de 28%. Entenda mais sobre o IVA

Acompanhe tudo sobre:branded-contentEspecial Reforma Tributária

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