Cid é delator no interrogatório da trama golpista (Antônio Cruz/Agência Brasil)
Redatora
Publicado em 13 de junho de 2025 às 10h06.
Última atualização em 13 de junho de 2025 às 10h53.
Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), foi preso na manhã desta sexta-feira, 13, pela Polícia Federal, por determinação do STF, mas a ordem foi revogada na sequência, segundo a CNN.
Cid é delator no interrogatório da trama golpista e é investigado por supostamente tentar obter, por meio do ex-ministro Gilson Machado, um aporte português no Consulado de Portugal em Recife.
Mauro Cid vai prestar um depoimento à Polícia Federal ainda nesta sexta-feira sobre tentativa de obter aporte que facilitaria saída do país. O documento, segundo a investigação, teria sido obtido por intermédio do ex-ministro Gilson Machado, que foi preso na manhã desta sexta.
A PF quer saber se Machado atuou para facilitar uma possível saída de Cid do país. O ex-ministro itiu ao Jornal O Globo ter procurado o Consulado de Portugal em Recife, em maio deste ano, por telefone, mas alegou que sua intenção era tratar de uma questão familiar.
A medida foi interpretada pela PF como uma possível tentativa de atrapalhar o andamento da ação penal da trama golpista, já que Cid é um dos réus. A Procuradoria-Geral da República (PGR) concordou com a investigação sobre o caso.
O ex-ministro do Turismo Gilson Machado foi preso na manhã desta sexta-feira por suspeita de obstrução da Justiça ao tentar emitir um aporte português para o tenente-coronel Mauro.
Próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Machado é conhecido por postar vídeos tocando sanfona, em apoio ao aliado. Ele ganhou projeção ao disputar a prefeitura de Recife no ano ado contra João Campos (PSB) e ao integrar uma comitiva de bolsonaristas que viajaram para os EUA para a posse de Trump.
Sanfoneiro, veterinário e empresário, Gilson Machado comandou a pasta do Turismo durante os dois últimos anos da gestão ada e, ao final do mandato, tentou se candidatar ao Senado.
Ele, no entanto, saiu derrotado e foi indicado, em seguida, para assumir a Embratur nos meses finais do governo Bolsonaro. Já no ano ado, ele disputou a prefeitura de Recife com o apoio de Bolsonaro, porém perdeu uma segunda vez ao ser superado por João Campos (PSB), prefeito reeleito no primeiro turmo com 78,1% dos votos.
Após a derrota, Machado acompanhou a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro na posse do presidente americano Donald Trump no início deste ano, após Bolsonaro ter sido impedido de comparecer por ter o aporte retido.
Ainda próximo a Bolsonaro, ele ou a organizar nas últimas semanas uma campanha para arrecadação de doações via Pix para o ex-presidente, após dizer que ele havia gastado cerca de R$ 8 milhões de uma vaquinha feita há dois anos.
Mauro Cid ganhou destaque nacional por sua atuação como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o governo de 2019 a 2022. Com uma carreira militar, Cid é doutor em Ciências Militares pelo Instituto Meira Mattos, mestre em Operações Militares e bacharel pela Academia Militar das Agulhas Negras, com especial interesse em Defesa Nacional, terrorismo e relações internacionais.
No governo Bolsonaro, Cid exercia a função de ajudante de ordens, cargo reservado a oficiais de alta patente que acompanham presidentes da República e chefes militares.
Ele era responsável por organizar e garantir o cumprimento da agenda presidencial, receber convidados, atender correspondências, cuidar da logística de reuniões e até auxiliar em questões pessoais de Bolsonaro, como finanças e viagens.
Cid chegou a ser chamado de “secretário executivo” do ex-presidente, e liderou a equipe que acompanhava a rotina presidencial.
*Com O Globo.