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Publicado em 13 de junho de 2025 às 15h17.
No final de maio, o aroma do alho dominou o ar em Pizhou, no norte da província chinesa de Jiangsu. A cidade, uma das principais produtoras do país, cultiva mais de 600 mil mu (cerca de 40 mil hectares) e registra produção anual superior a 700 mil toneladas.
O setor reúne mais de 300 empresas de comércio e processamento, emprega cerca de 400 mil pessoas e movimenta uma cadeia que integra cultivo, comércio, tecnologia e exportação.
Com mais de 2 mil anos de tradição no cultivo, comprovados por achados arqueológicos da dinastia Han, Pizhou consolidou o alho como produto agrícola central. O clima temperado de monções, o solo arenoso e rico em minerais e a alternância entre calor e umidade criam condições ideais para o cultivo. O alho da região se diferencia pela coloração branca com tons de roxo, textura firme e pungência moderada.
Desde a década de 1970, a área plantada cresceu e atingiu 630 mil mu, com produtividade média que ou de 500 kg para mais de 1.500 kg por mu. Em 2024, a mecanização atingiu 40% da colheita. Pizhou lidera nacionalmente em área padronizada de produção, produtividade, qualidade e grau de industrialização. É também o único local com produto protegido de origem ecológica no setor.
Os distritos de Suyangshan, Chefushan e Bayiji concentram a produção. Suyangshan, conhecida como a “capital chinesa do alho”, mobiliza mais de 100 mil pessoas e uma rede de 4.600 agentes comerciais. Durante a safra, cerca de 30 mil trabalhadores sazonais de províncias vizinhas migram para a cidade.
No campo, o alho colhido a por processos de limpeza, secagem e separação por tamanho. Em empresas como a Liming, a produção segue para armazenagem e distribuição. Um dos agricultores locais, Wu Litong, de 78 anos, vendeu 200 kg a RMB 4,37 por jin (500 g), com rendimento acima de RMB 2.200 em um único dia.
A empresa Xinruiyuan realiza testes de resíduos de agrotóxicos e umidade antes de armazenar o produto em câmaras frias. O alho de Pizhou chega a 31 países e regiões, com exportações que superam US$300 milhões. A cidade responde por 70% do mercado no Oriente Médio, 40% no Sudeste Asiático e 30% das exportações totais de alho da China.
Além do mercado in natura, o município amplia a cadeia com novos produtos. Empresas como a Hengda fermentam o alho por 60 dias para produzir alho preto, com sabor adocicado e alto teor de frutose. O produto, popularizado como “Ferrero do Oriente”, é comercializado como alimento funcional.
Outros derivados incluem chips, pó desidratado, cápsulas, extratos líquidos e colágeno com sabor de alho. O setor já soma mais de 310 empresas, com parcerias técnicas com a Universidade Agrícola de Nanjing e a Academia Chinesa de Ciências Agrícolas.
O vice-diretor da Liming Alimentos, Han Honggeng, defende que o mercado interno oferece espaço para ampliar o uso do alho, ainda concentrado no segmento de temperos. Segundo ele, a diversificação depende de tempo e desenvolvimento da demanda.
Para sustentar o comércio, a cidade opera o maior mercado livre de alho de Jiangsu, localizado em Zhenzhuang, com circulação anual de 100 mil toneladas. Também constrói um novo centro de transações, que vai integrar logística, armazenagem refrigerada e comércio eletrônico.